Quarta-feira, 28 de Março de 2007

Cultura Popular: Flores y Brancaflor

 

 

"As Respigadeiras" - Jean-François Millet

 

        Ontem ao fazer uma pequena pesquisa na net, deparei-me com esta canção/romance recolhida em Carção em 1980, talvez cantada em muitas etapas da lavoura: na ceifa, segada, vindimas, colheita da batata... e não resisti em colocá-la antes da edição 2007 da Almocreve!

 

 

 

      Flores y Blancaflor

 

 

          Mouros partem mar abaixo,

          Mouros partem mar acima.

          Queremos uã cristã

          Para nossa rainha.

          Deram com o conde Flores

          (---------------------------)

          Que vinha de Santiago,

          Santiago da Galiza.

          Matem o conde

          E a condessa foi cativa.

          Levam-na p´ra mouraria

          E entregam-na à rainha.

          Aqui tem, minha senhora,

          Uma criada cristã,

          Por não se fintar em mouras,

          Que lhe dêem feitiçaria.

          Aqui lh´entrego estas chaves

          Da dispensa e da cozinha.

          Que não me finto em mouramas,

          Que me dão feitiçaria.

          Ai triste de mim, coitada,

          Triste de mim, mofina!

          Onte condessa iurada,

          Hoje moça de cozinha.

 

          (passaram uã temporada)

 

          Como vai, minha criada,

          Como vai criada minha?

          Vai bem, senhora,

          Vai bem senhora minha.

 

          (Mas ambas as duas tiveram cada uã o seu menino)

 

          Se estivesses em tua terra

          Que nome punhas a teu menino?

          Poria-le Branca Flor,

          Que era o nome duma irmã minha.

          E tu, se estivesses na tua terra, como le punhas ao teu?

          Punha-le o conde Flores,

          Que era o meu marido que eu tinha.

          Pelos sinais que me dás,

          Tu és uã irmã minha.

          Juntaram muitas riquezas

          De jóias e pedrarias;

          Uã noite abençoada

          Fogem da mouraria.

          Chegaram à margem do rio,

          Que atravessá-lo não podia.

          O mouro, ao dar por elas,

          Atrás delas iria.

          Passa-me barqueiro,

          Passa-me por tua vida.

          Não vos passo, senhoras,

          Que o mouro me mataria.

          Passa-me cristão,

          Passa-me pela tua vida

          Que vale mais um cristão

          Que quantos moiros havia.

          Diz-me lá o que queres,

          Que tudo te daria.

 

          (Passou-as. Veio o mouro:)

 

          Passa-me, barqueiro,

          Passa-me por tua vida.

          Não o passo, senhor,

          Que o senhor me mataria.

          (Não, passa-me, que vou atrás das minhas criadas.

          Não, que as criadas são cristãs e o senhor é mouro,)

          E se o passo, a elas, a mim mataria.

          Passa-me, barqueiro, passa-me,

          Passa-me por tua vida;

          Se elas pagaram a prata,

          A ouro t´eu pagaria.

          Nem por prata nem por ouro,

          Eu nunca o passaria.

          ------------------ chorare

          Nestas pedras d´amargura:

          Duas irmãs que eram,

          Eu não alcancei nenhuma.

 

Recitada em Carção por: António Albino Machado Andrade em 01 - 08 - 1980 (67a).

 

Recogida por Manuel da Costa Fontes e Maria - João Câmara Fontes

 

publicado por almocreve às 00:12
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De Arruda a 29 de Março de 2007 às 02:01
Boa noite Mt. Paulo!
Com podes ver, ainda há pessoas que trabalham até tarde.
Flores y Blancaflor é uma cantiga lindíssima, só gostava de ouvir a melodia, pois deve também ser muito interessante.
Um abraço.
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