Cruzeiro do Vale - Foto retirada da Almocreve, edição 0, p.37
Cruzeiro do Vale
“o desrespeito pelo património histórico”
Relativamente a este artigo, não é nosso propósito criticar e ofender seja quem for, mas o simples alerta aos leitores, principalmente todos carçonenses, do esquecimento e indiferença do nosso património histórico.
O cruzeiro do Vale a verificar pelas suas características é o mais recente da povoação e talvez com propósitos diferentes dos anteriores – a protecção dos cereais “nas Eiras de Cima”.
Esta maravilha, apesar da sua situação estratégica, não é muito visível ao observador, uma vez que estranhamente se localiza em propriedade privada, dentro de um quintal, a fazer de estendal de roupa!...
Sofia Jerónimo, ao abordar os cruzeiros de Carção refere o seguinte:
“Uma coisa que me deixou profundamente entristecida foi o derrube dos milenares marcos históricos da aldeia, nomeadamente um cruzeiro que, segundo diziam os antigos, era a cédula do nascimento da povoação. Era a memória viva do Passado. Comentaram as pessoas que presenciaram este acto de triste memória: "Até Deus se revoltou contra a ideia, pois a máquina que derrubara a milenar cruz de granito partiu-se ao meio e nunca mais trabalhou". Um outro cruzeiro ainda permanece, mas dentro duma propriedade privada. Por favor, senhores que conduzis os destinos desta linda terra, respeitai e preservai o património histórico, que é uma riqueza que pertence a todos os carçonenses, pois é ainda uma das coisas de que Portugal se pode orgulhar – o seu património histórico, cuja preservação é um dever de todo o Português”.
A indiferença por esta triste situação tem-se arrastado ano após ano, ao qual ninguém põe um fim digno e justo. Surgem vários projectos, várias ideias, mas realizações nenhumas!... e o elegante cruzeiro continua esquecido por parte das entidades responsáveis, à espera que alguém o dignifique.
Também não é por falta de lembranças uma vez que a população já há vários anos a esta parte tem demonstrado o seu desagrado e alguns jornais locais têm referenciado a actual situação a exemplo do artigo publicado no Jornal Nordeste a 6 de Fevereiro de 2001, referindo:
“A população de Carção, no concelho de Vimioso, está indignada com o facto de um dos cruzeiros da localidade estar “encurralado” numa propriedade particular. Este elemento arquitectónico, feito em granito e com cerca de quatro metros de altura, faz parte de um grupo de quatro, que se encontravam alinhados numa das ruas da aldeia. Dois deles foram destruídos ao longo dos anos, resistindo apenas um, mandado erguer por emigrantes.
Este, porém, é feito em metal “e nada tem a ver com os velhos cruzeiros”, consideram os populares.
Firmino Ginja, um dos moradores, diz que os terrenos onde foram construídas algumas habitações não se podiam vender por serem públicos, o que arrastou o cruzeiro para a actual situação. A Junta de Freguesia de então vendeu-os a pessoas que regressaram das ex-colónias, em 1977, mas como não havia um plano de ordenamento para o loteamento do Bairro de Cima, este ficou alinhado com a estrada municipal Carção - Argozelo. Os locais falam mesmo em “vergonha”, alegando que “nada foi feito para retirar o cruzeiro do local onde se encontra e voltar a dar-lhe a dignidade de outros tempos”.
Contactado pelo Jornal Nordeste, o presidente da Junta de Freguesia de Carção, Domingos Martins, disse que a situação foi herdada do passado, mas garante que o cruzeiro vai ser transferido para um futuro arranjo urbanístico que será construído na aldeia, junto ao local onde actualmente está colocado. A peça será deslocada cerca de
Em 2002, na primeira edição da Almocreve, p.37, também alertou os nossos leitores para este problema, mas passados mais de quatro anos a situação continua igual.
Enfim… uma triste realidade verificada na aldeia de Carção, onde o património histórico tem vindo a ser desprezado e esquecido um pouco por todos nós.
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